Quem está seguindo o blog leu, no post anterior, a primeira parte do resumo de “A catedral e o bazar”, de Eric Raymond. Se você não leu, volte ao post anterior, que é a parte 1 sobre a importância das comunidades de desenvolvedores para o Software Livre. Pronto? Então pode continuar a leitura!

A importância das comunidades de desenvolvedores para o Software Livre – de acordo com Eric Raymond

No quinto capítulo, o autor fala sobre a dificuldade que enfrentou para se adaptar ao código de outra pessoa. Além disso, apesar do código ser bonito, sua base de dados não era muito boa. Outra afirmação que aparece no quinto capítulo e é reforçada no sexto é a importância de valorizar as opiniões dos usuários. Assim ele pensou em mais algumas lições para programadores: 

  1. Estrutura de dados inteligentes e código burro trabalham muito melhor que o contrário.
  2. Se você tratar seus beta-testers como seu recurso mais valioso, eles irão responder tornando-se seu mais valioso recurso.
  3. A melhor coisa depois de ter boas ideias é reconhecer boas ideias dos seus usuários. Às vezes, a última é melhor.
  4. Frequentemente, as soluções mais impressionantes e inovadoras surgem ao se perceber que seu conceito do problema estava errado.
  5. “A perfeição [em projetar] é alcançada, não quando não há mais nada a adicionar, mas, quando não há nada para jogar fora.” (Antoine de Saint-Exupéry).

Ou seja, de acordo com o hacker, liberar diversas versões do código e incentivar os usuários a comentar sobre os problemas que encontravam no programa foi essencial para alcançar um produto exitoso. Isso porque o usuário pode mostrar que, se existe algum erro para o qual não se acha a resposta, talvez seja hora de rever a pergunta. Além disso, é importante desapegar de algum trabalho antigo, que já não faça sentido. E, então, de acordo com o Raymond, “quando o seu código está ficando tão bom quanto simples, é quando você sabe que está correto”.

Fetchmail: o objeto de análise do livro “A catedral e o bazar”

O sétimo capítulo fala sobre o êxito do novo programa de envio de e-mail que o autor criou, com a ajuda dos beta-testers. Também fala sobre a importância de criar ferramentas que além de resolver um problema existente, serão úteis para solucionar problemas futuros. Ele afirma que “qualquer ferramenta deve ser útil da maneira esperada, mas uma ferramenta verdadeiramente BOA leva, ela própria, a usos que você nunca esperou”. No oitavo capítulo ele fala sobre segurança, encriptação e sintaxes de programação.

E os últimos dois capítulos falam, respectivamente, sobre as condições necessárias para programar no estilo bazar e o contexto social do código aberto. Em relação ao penúltimo, para Raymond, o mais importante é que o programa tenha uma base executável para que a comunidade consiga aplicar testes. Depois, em segundo lugar, ainda que o programa seja grosseiro e tenha muitas falhas, deve poder ser transformado em algo útil e bem-feito.

Em terceiro, é que as ideias mais revolucionárias para seu código podem vir de outra pessoa, então para a programação estilo bazar não é fundamental que o programador saiba tudo, mas que consiga, pelo menos, coordenar as modificações sugeridas pela comunidade. Por fim, o autor fala sobre a importância das Soft skills. Ou seja, um coordenador de projeto estilo bazar, além de saber o bastante sobre programação, deve ter habilidade de comunicação e relacionamento interpessoal.

Últimas considerações sobre o artigo

O último capítulo reforça a primeira lição sobre software livre e código aberto. De acordo com o hacker, as melhores soluções surgem para resolver problemas individuais e diários. Logo, as soluções se espalham, porque tais problemas se tornam típicos para uma grande classe de usuários. Além disso, ele também defende a ideia de que programadores não devem ser orgulhosos, nem territoriais em relação aos seus códigos. Assim, descobrem-se problemas e soluções mais rapidamente, por consequência a melhoria do código também é mais veloz.

Essa participação nos projetos e a melhoria dos códigos só é possível porque os programadores têm liberdade para fazer parte, ou não, da comunidade. Raymond afirma que se as pessoas fossem obrigadas a desenvolver correções e melhorias, dificilmente a programação no estilo bazar seria efetiva. Ele ainda acredita que o futuro do software (pelo menos de código aberto) está em abandonar a catedral e abraçar o bazar. Ou seja, uma pessoa que tenha uma visão individual e brilhante pode amplificar suas qualidades com o apoio de uma comunidade voluntária interessada.

O autor apresenta, por fim, além de agradecimentos, diversas fontes e links de obras relacionadas ao tema, leia o artigo completo. Nessa outra obra se apresentam alguns contrapontos ao artigo de Raymond: A Second Look at the Cathedral and the Bazaar
E você, concorda com Eric Raymond, sobre o futuro do software estar nas mãos de comunidades voluntárias? Para participar de outros debates sobre software livre e código aberto, o presente e o futuro da tecnologia, participe do Latinoware 2022!

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