As mulheres estão sempre se incluindo nos espaços aos quais não são, exatamente, convidadas. Na área da tecnologia não é diferente. E, por esse ímpeto e força de vontade, conseguimos grandes avanços na tecnologia, graças às mulheres na TIC. Ada Lovelace, por exemplo, antes mesmo dos computadores serem imaginados, descreveu um algoritmo que computava os números de Bernoulli, e assim, criou o primeiro programa de computador da história. Muito inovadora!
Além de Ada Lovelace podemos citar também Hedy Lamarr que criou um sistema de comunicação que se tornou a base para o WiFi, GPS e Bluetooth e Gladys West, matemática que também contribuiu com cálculos que sustentam o GPS. Ou ainda Mitchell Baker, co-fundadora do projeto Mozilla e defensora de softwares de código aberto. Essas mulheres audaciosas, ainda que muitas já não estejam entre nós, fizeram muito pela sociedade atual, portanto devemos reconhecer sua importância em todos os momentos.
O problema: Faltam mulheres na TIC
Entretanto, quantas mulheres na TIC você conhece? Provavelmente poucas, se conhecer alguma. A verdade é que o mercado de trabalho continua sendo injusto para as mulheres. E mesmo nos dias atuais, quando muitas já conquistaram seus espaços, ainda tem quem acredite que elas não têm as mesmas habilidades dos homens.
As dificuldades para a mulher manter um emprego são diversas, indiferente da área a qual pertence. Primeiro, faltam oportunidades pela possibilidade de engravidar ou por não ter um local para deixar os filhos. Depois, tem esses casos que o marido não permite que a esposa trabalhe, ou ainda, empresas que pagam menos às mulheres, porque elas não estão em condições de negociar.
Não podemos, então, nos apegar a essa afirmação rasa, sobre a falta de habilidade para justificar o baixo número de mulheres na TIC. Por isso, vamos listar diversos problemas encontrados, que dificultam o acesso das mulheres nessa área da tecnologia. E, depois, vamos apresentar como solucionar essas questões, porque não basta só identificar o problema e não fazer nada para resolvê-lo.
Quanto do problema está em nós?
O Latinoware acontece desde 2003 e desde 2012, pelo menos, é falado sobre igualdade de gênero. Mesmo assim, ainda é um desafio termos igualdade de palestrantes, assim somente 1/3 dessa edição são mulheres. Qual foi a dificuldade encontrada para a organização chamar mais mulheres para ocupar as vagas? Se estamos falando da falta de mulheres na TIC e o Latinoware tem poucas palestrantes, como as mulheres da sociedade serão atraídas? O primeiro problema a gente identifica em nós mesmos e pode ser o mais fácil de resolver. Se a demanda para a participação das mulheres na TIC está alta, é necessário chamar mais mulheres para falar sobre tecnologia.
Com mais mulheres conversando sobre tecnologia, será possível ouvir sobre seus conhecimentos, o que dizem sobre inovação, a internet das coisas, software livre, entre outros temas tecnológicos. As mulheres também estão cansadas de ter que tratar sempre do repetitivo tema sobre a falta delas, a dificuldade delas para acessar determinadas áreas. Elas querem admirar a inteligência de outras mulheres, saber que podem também alcançar espaços importantes. E, nesse mesmo sentido, é possível afirmar que muitos homens também queiram escutar o que as mulheres têm a dizer sobre Tecnologia da Informação.
O preconceito ainda é mais um grande desafio
Algumas mulheres serão barradas simplesmente por serem mulheres. Não há outra explicação. Em uma conversa com mulheres na 18a edição do Latinoware foi comentado sobre como uma mulher, após ter seu currículo recusado por diversas empresas, resolveu mudar o nome, colocando um nome masculino. Resultado: foi chamada por todas as mesmas empresas que recusaram o mesmo currículo com nome feminino.
Esse problema é um pouco mais difícil de resolver que o primeiro. Uma vez que depende de toda a sociedade modificar a forma de pensar sobre as mulheres. Entretanto, é possível alcançar essa transformação. É necessário reeducar as pessoas, além de criar campanhas que demonstrem a importância de incluir as mulheres na economia. E ainda, chamar mulheres para falar, quando for necessário fazê-lo. Se quem reconhece a necessidade de valorizar o conhecimento feminino não o faz, como espera-se que quem não acha ideia de mulher válida o fará?
Falta de conhecimento e de incentivo afeta mais as mulheres
Esse é outro problema que demanda demais da sociedade. É uma daquelas questões difíceis de achar o início ou mesmo como resolver o problema. Trazendo para o tema sobre a falta de mulheres na TIC: Elas não são incentivadas a utilizar tecnologia porque não têm habilidades, ou têm essa fama porque não há um incentivo à criatividade feminina?
Mas já existem muitas ações para buscar solucionar esse problema. Portanto, diversas empresas (incluindo o Google), buscando diminuir a diferença sexual na área da tecnologia, oferecem cursos, muitas vezes gratuitos, de introdução a programação, entre outros. Há ainda, empresas que oferecem cursos com a possibilidade de pagar após a pessoa alcançar uma carreira estabilizada. O Programaria, por exemplo, é um desses projetos que ensina especificamente mulheres, com o objetivo de diminuir a disparidade de gênero no mercado tecnológico.
Outra forma de diminuir esse problema é alcançar pais e mães e explicar que todas as profissões podem ser realizadas por homens ou mulheres. E, ainda, que crianças podem brincar com o que quiserem, mas se o brinquedo incentivar o pensamento criativo será ainda melhor. Quem sabe, com o incentivo à tecnologia desde a infância, as mulheres também se sintam mais confortáveis ao escolher uma carreira nessa área.
A economia depende das mulheres na TIC?
De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), se até 2024 a lacuna de profissionais de TI continuar no patamar de 270 mil, isso poderá provocar uma perda de receita de aproximadamente R$167 bilhões. Portanto é necessário formar profissionais qualificados na área com urgência. E é imprescindível que as mulheres façam parte desse grupo. A associação ainda aponta que o número de mulheres na TIC aumentou 60% até 2019, mesmo assim elas ainda representam só 20% dos profissionais de tecnologia no Brasil.
As empresas precisam considerar, também, que quanto mais diversa uma equipe for, mais fácil apresentará soluções eficazes para qualquer desafio. Assim, uma equipe, com pessoas de diferentes contextos sociais, tem potencial de alcançar maior rentabilidade a um negócio. Logo, incentivar mulheres a entrarem na área da tecnologia é benéfico a todos os envolvidos. A Latinoware está preocupada em debater sobre a necessidade de maior igualdade de gênero na área de Tecnologia de Informação e Comunicação, participe das palestras da Latinoware sobre mulheres na TIC e ajude a transformar a sociedade.